Quanto receberia a mais se fosse um PJ? Você sabe?

Quanto receberia a mais se fosse um PJ? Você sabe?

Publicado em28/10/2022

Tempo leitura14min 22s

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Muitos profissionais sonham em deixar de ser empregado para ter o seu próprio negócio. Porém, a dúvida de quanto receberia a mais se fosse um PJ é muito grande. Isso sem falar no receio de não ter recursos suficientes para pagar as contas no final do mês.

Certamente, essa é uma situação que precisa de uma análise minuciosa, inclusive com a simulação dos cálculos para ter uma estimativa de ganhos como PJ. Isso porque é possível fazer uma comparação entre os ganhos como PJ e como CLT.

Tendo isso em vista, a Contabilidade.com elaborou esse artigo com o intuito de mostrar a diferença de ganhos entre PJ e CLT. Assim como esclarecer sobre as vantagens de ser PJ em relação ao emprego CLT.

Qual a diferença entre salário CLT e renda PJ?

Para entender quanto receberia a mais se fosse um PJ é preciso saber a diferença entre atividade CLT e PJ, pois existem os benefícios que devem ser considerados nos cálculos.

Atividade CLT

A relação de trabalho de um funcionário com a empresa é regulada pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que define os direitos e deveres dos trabalhadores e das empresas. Nesse sentido, os direitos garantidos por essa legislação são os seguintes:

  • Carteira de trabalho assinada pelo empregador;
  • Férias remuneradas;
  • Adicional por hora extra;
  • Licença-maternidade;
  • Seguro-desemprego em caso de demissão;
  • FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço);
  • INSS (Instituto Nacional do Seguro Social);
  • 13º salário;
  • Jornada de trabalho de até 44h semanais.

Atividade PJ 

A renda PJ tem a sua origem na prestação de um serviço para empresas ou pessoas físicas, com base em contrato de serviços. Por isso, não tem vinculação empregatícia e nem subordinação hierárquica como o empregado CLT.

Nesse sentido, tem a grande vantagem de ter flexibilidade de horários, liberdade para escolher os clientes e atuar conforme a sua metodologia de trabalho. Isso sem falar que não precisa se preocupar com os descontos trabalhistas sobre a sua renda.

Como calcular o rendimento como empregado CLT?

Para calcular o quanto receberia a mais se fosse um PJ é necessário considerar os ganhos obtidos como empregado CLT. Inclusive, levando em consideração todos os benefícios do regime CLT que deixam de existir como profissional PJ.

Para isso, é necessário verificar quais são os descontos que incidem sobre o salário CLT mensalmente. Basicamente, correspondem aos seguintes itens:

  • Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), com alíquotas entre 8%, 9% e 11%;
  • Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), com alíquotas entre 7,5% e 27,5%;
  • Vale- transporte, desconto de 6% do salário;
  • Vale-alimentação ou Vale-refeição, limitado a 20% do benefício concedido. 

Veja os cálculos a seguir:

Itens Descontos Benefícios Total 
Salário mensal   R$ 3.000,00
INSS R$ 277,36  
IRRFR$ 61,40  
Vale-transporte R$ 180,00  
Vale-refeição R$ 110,00  
Vale-refeição  R$ 550,00 
Total R$ 628,76R$ 550,00R$ 3.000,00
Renda líquida   R$ 2.921,21

Além disso, como empregado CLT existem os seguintes benefícios assegurados em lei:

  • Férias anuais remuneradas;
  • Décimo terceiro salário;
  • Descanso semanal;
  • Recolhimento da previdência social e do FGTS.

Desse modo além da renda líquida mensal, é preciso considerar os valores referentes ao direito de férias remunerada e décimo terceiro salário, que são:

Itens Valores 
1/12 avos de 13º salárioR$ 250,00
1/12 avos de férias + ⅓R$ 333,33
FGTS sobre salário, férias e 13ºR$ 286,67
Total R$ 870,00

Como calcular o quanto receberia a mais se fosse um PJ?

Para calcular o quanto receberia a mais se fosse um PJ, é necessário considerar como base o salário CLT para ser possível efetuar uma comparação. Desse modo, é preciso ter em vista que os recolhimentos legais da pessoa jurídica dependem dos seguintes pontos:

  • Porte da empresa; 
  • Regime tributário.

No cálculo a seguir, o regime tributário para a simulação é o Simples Nacional. Veja a seguir:

Itens Descontos Total 
Receita PJ R$ 3.000,00
Simples Nacional R$ 180,00 
Serviços de Contabilidade R$ 150,00 
1/12 avos de taxa de fiscalização R$ 14,15 
Receita líquida  R$ 2.655,85

Com base nos cálculos realizados para salário CLT e renda PJ, observa-se que a renda PJ ficou menor que o salário CLT. Porém, isso é fácil de entender tendo em vista que para profissional PJ não foram considerados valores adicionais como foi feito para salário CLT.

Como recalcular o rendimento do profissional PJ para saber o quanto receberia a mais se fosse um PJ

Para recalcular o quanto receberia a mais se fosse um PJ, é interessante acrescentar um percentual sobre a renda PJ levando em conta os seguintes fatores:

1. O valor da hora de serviço do profissional PJ interfere diretamente na renda bruta ao final do mês; 

2. Definir o valor da hora de serviços considerando os gastos mensais para prestar os serviços, os recolhimentos de impostos e uma margem de lucro;

3. Estimar o número de clientes e o valor dos serviços mensais para assegurar o rendimento financeiro desejado;

4. Avaliar a necessidade de ter empregados para aumentar a produtividade, bem como os custos de um funcionário para o seu negócio;

Em função da análise desses fatores, para realizar a simulação o percentual pode ser de 30% sobre o salário CLT. Veja a seguir:

Itens Descontos Total 
Receita PJ R$ 3.900,00
Simples Nacional R$ 234,00 
Serviços de Contabilidade R$ 150,00 
1/12 avos de taxa de fiscalização R$ 14,15 
Despesas manutenção e impostosR$ 400,00 
Receita líquida  R$ 3.101,85

Com isso, é fácil perceber que o retorno como profissional PJ já ficou muito mais interessante do que o salário CLT. Além disso, passou a incluir despesas com manutenção, ou seja, esse resultado não terá mais nenhum outro desconto.

Mas, é claro, que esta é uma simulação que serve apenas para mostrar que o profissional PJ tem muito mais oportunidades de otimizar os seus ganhos do empregado CLT. Assim como para cálculos mais precisos, use a calculadora CLT x PJ da Contabilidade.com.

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Como fazer para se tornar um profissional PJ?

Agora, que já tem uma ideia de quanto receberia a mais se fosse um PJ, é interessante entender o que fazer para se tornar um profissional PJ. Sem dúvida, isso gera muitas dúvidas, principalmente, no que se refere ao recolhimento dos impostos. 

O primeiro passo é obter o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), que é concedido pela Receita Federal e funciona como registro de identificação da empresa. No entanto, para obter um CNPJ é necessário que antes algumas providências sejam executadas.  

Por isso, veja a seguir um passo a passo para realizar essas providências, que esclarece muitas dúvidas e ajuda a se organizar para tomar as providências necessárias.

1.  Porte da Empresa

De acordo com a legislação vigente, o porte da empresa pode ser classificado com um dos seguintes:

  • Microempresa (ME), faturamento anual de até R$ 360 mil anual;
  • Empresa de Pequeno Porte (EPP), faturamento anual de até R$ 4,8 milhões;
  • Médio Porte: faturamento anual acima de R$ 4,8 milhões e menor que 300 milhões;
  • Grande Porte: faturamento anual superior a R$ 300 milhões.

Se for o caso de contratar funcionários, é preciso observar que para cada porte tem o número de funcionários definidos por lei. Veja a seguir:

Porte Comércio e Serviços Indústria
Microempresa (ME)Até 9 empregados Até 19 empregados
Empresa de Pequeno Porte (EPP) De 10 a 49 empregados De 20 a 99 empregados
Empresa de Médio Porte De 50 a 99 empregadosDe 100 a 499 empregados
Grandes Empresas 100 ou mais empregados500 ou mais empregados

Fonte: https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/UFs/SP/Pesquisas/MPE_conceito_empregados.pdf

2. Natureza jurídica do negócio

Como já sabe o quanto receberia a mais se fosse um PJ, é preciso entender o que é a natureza jurídica do negócio. Ou seja, os tipos societários admitidos em lei, que são de enquadramento obrigatório para toda empresa. Veja a seguir:

1. Empresa Individual (EI): por ser uma empresa individual, dispensa a presença de sócios. Por isso, não existe a separação dos bens do proprietário do patrimônio da empresa. Pois, este assume a responsabilidade ilimitada pelas obrigações da empresa.

O faturamento anual deve ficar entre R$ 81 mil e R$ 360 mil e não tem uma especificação para constituir o capital social da empresa.

2. Sociedade Empresária Limitada (LTDA): permite a existência de dois ou mais sócios. Sendo que estes assumem responsabilidade limitada conforme o número de cotas que possuem do capital social da empresa. 

Este tipo de sociedade é regulamentada pelo Contrato Social, que detalha as informações relativas a sua estrutura e organização, que deve ser registrado na Junta Comercial. Além disso, tem a vantagem de separar o patrimônio da empresa dos bens dos sócios.

3. Sociedade Limitada Unipessoal: não requer a presença de sócios como também não exige um limite para o capital social. Além disso, tem a vantagem de separar os bens pessoais do patrimônio da empresa.

3. Atividade econômica do negócio 

A atividade econômica do negócio deve ser definida conforme a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), é uma classificação nacional para categorizar as empresas públicas e privadas quanto a sua atividade econômica.

É de grande importância para as empresas, pois interfere no recolhimento dos impostos e no enquadramento tributário da empresa.

4. Regime Tributário

Além de saber o quanto receberia a mais se fosse um PJ, é essencial conhecer os regimes tributários que as empresas devem adotar para fins de recolhimento de impostos. 

De acordo com a legislação tributária vigente no país, são três os regimes tributários para o enquadramento de uma empresa. Veja a seguir:

1. Simples Nacional: é um regime simplificado para beneficiar os pequenos empreendedores com alíquotas reduzidas, conforme os anexos do Simples Nacional.

O porte da empresa deve ser de Microempresa (ME) e Empresa de Pequeno Porte (EPP), com um faturamento anual de até R$ 4,8 milhões.

2. Lucro Presumido: é um regime simplificado para calcular a base do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL). 

Desse modo, para os outros impostos a base é o faturamento bruto anual da empresa, que pode ser até R$ 78 milhões, sendo eles:

  • Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS);
  • Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS);
  • Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS);
  • Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins). 

3. Lucro Real: é um regime que tem a base de cálculo no lucro contábil da empresa, com os acréscimos dos ajustes fixados em lei. Por ser um regime bem mais complexo, é interessante para empresas com lucro menor que 32%.

5. Registros e Licenças

Por último, estão as providências relacionadas com o registro, inscrições e licenças de funcionamento. Veja a seguir:

1. Efetuar o registro na Junta Comercial;

2. Pedir o CNPJ na Receita Federal;

3. Pedir na Prefeitura a Inscrição Municipal e Alvará de Funcionamento;

4. Efetuar o registro na Previdência Social e na Caixa Econômica Federal;

5. Conseguir o certificado digital, que no caso pode ser tipo A1 ou A3.

Conheça as soluções da Contabilidade.com para profissionais PJ

A partir de todas essas informações, ficou fácil de entender o quanto receberia a mais se fosse um PJ e o que fazer para se tornar  um profissional PJ. Nesse caso e muitos outros, saiba que pode contar com as soluções oferecidas pela Contabilidade.com.

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Erico Azevedo

Escrito por:

Erico Azevedo

Erico Azevedo é um empreendedor serial de negócios de tecnologia e co-fundador da Contabilidade.com, uma plataforma que resolve a vida de profissionais liberais e prestadores de serviços com CNPJ. Criou em 2018 a Wabbi Software, primeira plataforma contábil em nuvem do Brasil, posteriormente incorporada pela Contaazul, onde atuou na área de Produtos. É co-fundador do Contbank, primeiro banco digital que usa AI e Contadores para melhorar a vida de milhares de MPE's brasileiras. Foi também co-fundador do Investshop.com, no início dos anos 2000, junto a Guilherme Benchimol e outros executivos do Banco Bozano, Simonsen. Possui Ph.D. em Engenharia Elétrica pela UNICAMP e Ph.D. em Psicologia pela PUC/SP. Além de sua intensa atividade empresarial, é mentor de empresários e profissionais no Brasil e exterior.

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